Sapatinho-de-judia pendurado na varanda
Um cachorro late para o transeunte
O vento balança a sombra
A sombra da minha infância.
Doces multicoloridos
Tem um sabor muito amargo.
Dois rios sempre a correr
Dois lagos verdes os nutrem.
A solidão tem suas vantagens.
As fadas saem das gavetas
Os monstros se tornam amigos
Os pássaros perdem o medo
E se jogam dos céus.
Estrelas-cadentes de plumas
Nos vidros do meu jardim.
O pêndulo marca as horas
Toca o carrilhão.
Mais um quarto se passa.
Mais um quarto se passa.
Mais um quarto se passa.
Quando se é tão jovem
Não se entende a dor
Não se entende o tempo
Não se entende o medo.
Sentada na sala escura
Ainda está a menina
Rezando aos monstros amigos
Ao som de Westminster Melody.
Niterói, 18/01/2010